Grupos de Trabalho


  • Linhas temáticas:
1.Cura, morte e devoções

Partindo de uma perspectiva de engajamento, o GT (Grupo de Trabalho) com a temática cura, mortes e devoções, se propõe em pensar reflexivamente tais experiências. Esta temática nas Ciências Sociais é cada vez mais estudada nas Universidades por buscar entender como a experiência pessoal e grupal que se relaciona na compreensão da cura, morte e devoções.
As pessoas apresentam comportamentos e pensamentos singulares quanto a estas experiências, sua significação não é similar em todas as culturas. É a cultura que determina as particularidades relacionadas a cada um. Tais fenômenos devem ser pensados a partir dos contextos socioculturais específicos.  Cura, mortes e devoções devem ser pensadas a partir de contextos mais amplos que envolvem a alteridade de determinado grupo social e indivíduo, que se diversificam a partir de contextos socioculturais diferentes.
Tendo em vista que esta temática muitas vezes opera com uma ciência que busca por objetivos concretos e ações práticas, é bastante difícil pensar cura, morte e devoções sem pensar em engajamentos.

2.Opressões, medos e sofrimentos

Esta  linha  convida  trabalhos  inéditos  ou  não,  frutos  de  pesquisas  ou  reflexões ensaísticas,  que  de  alguma  forma  trabalhem  questões  que  envolvam  medo,  opressões  ou sofrimentos,  com o intuito  de que  se reúnam abordagens  transversais  acerca dos temas dessa linha  os  quais  podem  ser  sentidos  tanto  a  partir  de  experiências   de  pessoas  quanto  de coletivos  inseridos  em  contextos  de  conflitualidades diversas. 
O medo,  por exemplo,  pode ser compreendido  como vital para a sobrevivência da pessoa,  como aviso  dos limites do corpo,  resultado de certo cenário histórico ou mesmo como uma conduta na cidade. O medo também é uma possibilidade  de  abordagem  da  temática  das  opressões  e do sofrimento: o sofrimento na cidade,  o  sofrimento  clínico,  o respeito ao sofrimento e a não diminuição das efetivas  reações  humanas,  fobias, preconceitos de  raça e gênero, bullying,  ciberbylling, violências,  questões de segurança, transtornos, alienações  e  afins;  de nenhuma forma esses exemplos  dados pretendem limitar  o possível  conteúdo  da(s) mesa(s).        
Assim, deseja-se ver e discutir  os  planos  de fundos  que  envolvem  comunidades,  grupos,  afetos, enfim,  os  agentes humanos  e  não humanos  envolvidos  nos    processos  de  opressão,  medo  e  sofrimento,  na tentativa  de  enxergá-­los  dentro  de  teias  de  relações  que  nos  colocam,  enquanto  cientistas sociais,  diante  de  situações  nas  quais  posicionamentos  analítico  e  político  se  tornam desafiadores. Ademais,  trabalhos  que  desenvolvam  problematizações,  descrições  e  etc,  que perpassem  questões  adequadas  à temática são bem vindos.

3.Memória, território e ambiente

Situar é significar. A identidade dos entes ou coletivos está diretamente relacionada com o espaço de vida e história: descendência, temporalidade, relações e conexões agem no e com o espaço ocupado e geram a posição e identificação. Em outros termos de relação, o território cunhado politicamente e cientificamente nos revela muito sobre a circulação e apropriação dos seres. A ação nos diversos contextos conduz as marcações de relações e a formação compreensiva dos deslocamentos e fixações. Para ser, é preciso estar, circular, mover-se e fixar-se. Assim, os grupos geram suas articulações e produzem memória.        
A memória possui relação direta com os contextos e ambientes, uma vez que os grupos e pessoas fixas ou em circuitos produz suas noções de temporalidade e permite que através de gerações e transmissões a memória seja construída e perpetuada.
Pensar em lugares, ambientes e territórios é entender a importância dos diversos contextos para a socialização e delinear o percurso dos grupos e pessoas, no sentido em que memória é história. E história é a trajetória social e individual que alçamos como recurso científico na trajetória das ciências sociais. Outros termos surgem: tradição, apropriação, significação, uma vez que linguagem e cultura se desenvolvem temporal e espacialmente. Para compreendermos as diversas sociedades é preciso contextualizá-las e entendê-las em seus termos, espaços e tempos, este Grupo de Trabalho convida a discussão desses fios de significação que formam os grupos e identificam os diversos agentes.

4.Cultura,arte e comunicação

O itinerário que se delineia entre cultura, arte e comunicação tece um importante papel no conjunto das relações que caracterizam as recentes transformações nas sociedades contemporâneas. Cada vez mais, vemos uma articulação desse triângulo como uma forma de engajamento em processos de construção e transformação de realidades sociais históricas. Nesse sentido, cabe uma problematização das relações entre esses universos de produção, distribuição e consumo de bens simbólicos, bem como dos intercâmbios que se estabelecem entre esse triângulo e as outras esferas de produção de sentido do mundo contemporâneo.
Para tanto, faz-se necessário observar o desempenho que a cultura, arte e comunicação têm cumprido como uma importante ferramenta do estado, tendo em vista o alcance mercadológico que este triângulo cada vez mais tem alcançado. Enfim, cabe considerar o envolvimento estratégico deste presente eixo, como um mediador de cenas da sociedade e, portanto, considerar os diversos níveis de engajamentos que se orientam a partir desta dinâmica.
É possível dissertar sobre uma produção cultural ampla e pluridimensional e sobre seus desdobramentos enquanto engajamentos. A proposta desse eixo parte, portanto, do reconhecimento da importância crescente que os processos situados sob estes nomes – cultura, arte e comunicação – possuem para a construção e desconstrução de identidades e imaginários sociais, para o estabelecimento de fronteiras e fluxos, para a agência política e para a inserção em um sistema social cada vez mais ubíquo.
Porquanto, há uma subsunção de estudos produzidos a este eixo, a partir de uma sistematizada elucubração das dinâmicas culturais, das artes e da comunicação. Dado esse panorama, convidamos trabalhos que problematizem estas dinâmicas como formas de engajamentos, isto é, enquanto formas de inserção em lutas por reconhecimento, legitimidade e direito à existência própria em um mundo cada vez mais marcado por pressões homogeneizantes.

5.Perspectivas teóricas em Ciências Sociais

Cabe-se indagar em tom crítico: em que medida uma determinada perspectiva teórica realmente se distancia dos saberes práticos? O pacto aqui proposto entre perspectivas teóricas e engajamentos toma como premissa que é falsa a antinomia entre teoria e prática, isto é, problematizar acerca dos engajamentos que as ciências sociais realizam não é senão perceber os efeitos e os alcances presentes na atividade de compreender, através de um prisma científico, as múltiplas relações sociais. As perspectivas teóricas, então, conformam diversos conjuntos de ferramentas que, longe de tomarem uma suposta realidade como simples ilustração de seus fundamentos, possibilitam e corroboram com a produção social de sentido ao visibilizar, ou mesmo ao invisibilizar, certas relações propostas.
Falar e refletir sobre o mundo é também agir nele, e mesmo que inventemos posições neutras ou distanciadas, ainda assim, estas são intervenções. Um saber engajado é um saber ciente da força criadora das palavras, um saber para o qual pensar sobre o mundo é também pensar sobre si, pensar sobre sua forma de pensar. Um exercício então, que é ético-teórico; uma prática, assim, que é sóbria e apaixonada, que age em certa direção, apesar e por conta de continuadamente se pôr à prova, se questionar, analisar criticamente os movimentos que faz de comunicar e transformar existências. Emerge o imperativo de meditação acerca dos conceitos e metodologias que criamos em nossas produções, já que a forma também participa do que é dito. 
Os movimentos de tessitura e discussão são uma tentativa constante de andar no risco: dar passos à frente com a firmeza de uma decisão e com a imprecisão de saber-nos em eterna desvantagem no desafio que tomamos, pois a reflexão é um jogo do qual nunca poderemos auferir um absoluto. O que existe em si mesmo é incomunicável, as formas de conhecer, todavia, são socialmente determinadas, e portanto, sociologicamente analisáveis. É curioso como em certas conjunturas históricas determinados temas são negligenciados enquanto outros são priorizados, quer dizer, os engajamentos se praticam também através da elaboração das pautas, seja por via da capacidade de promover continuidades ou rupturas.
Aceitamos trabalhos que reflitam sobre o lugar-no-mundo das produções teóricas das ciências sociais na medida em que promovam discussões vertidas para as ferramentas conceituais próprias desse ofício. Perguntar-se sobre os engajamentos de nossas disciplinas não é senão se perguntar: como nós, cientistas sociais, nos fazemos transbordar?

6.Mobilização,diferença e identidade

A partir dessa noção de engajamento, no Grupo de Trabalho orientado pela linha de “Mobilizações, Diferença e Identidade”, procura-se contemplar os aspectos implicados no reconhecimento do lugar que se ocupa no interior da rede de relações estabelecidas tanto entre sujeitos que partilham experiências semelhantes quanto entre aqueles que vivenciam experiências diferentes.
Enquanto questionamento do espaço que se ocupa, o processo de reconhecimento da própria identidade comparativamente a outras identidades e experiências torna também indispensável considerar os instrumentos que, somados ao impulso dado pela experiência viabilizam tal processo. A exemplo da ciência engajada, que pode se revestir de um caráter prático. Assim, além do processo de reconhecimento da identidade dentro da diversidade e de comprometimento, são dignas de atenção as potencialidades e dificuldades que o envolvem para a conformação de uma atuação que, fundamentada nas noções que se tem de si e dos outros, atue de modo consciente e comprometido seja com a mudança ou com a permanência do espaço que se ocupa.

- Mostra artística

  A expressão de ideias, sentimentos, interpretações e visões de mundo encontra nas artes um espaço privilegiado. Compreendidas como uma forma específica de saber, elas comunicam aspectos da vida que muitas vezes podem escapar à apreensão por parte do saber científico, ou mesmo por parte da linguagem verbal. O recurso às imagens e a outras linguagens pode, nesse sentido, tanto complementar discursos baseados em formas e suportes diferentes, quanto constituir uma fala em si, cujo significado se constrói socialmente, na interação necessária entre os polos produtor e receptor. 
         Admitindo o potencial de uma mostra artística para provocar novas percepções, reflexões, debates, e proporcionar um reorganizar de pensamentos e emoções, convidamos a apresentação de trabalhos imagéticos, audiovisuais e performativos, tendo em vista também o amplo horizonte que se abre a partir da temática dos engajamentos, nas suas mais diversas modalidades. O saber sensível, também ele uma forma de engajamento no mundo, implica em uma mobilização de faculdades que enriquecem e fornecem novos elementos à reflexão, tornando esta mais plural. Animada por essa expectativa, a mostra artística recebe intervenções urbanas, fotografias, performances, vídeos e peças (de curta duração), pinturas, esculturas, dentre outros.